À Prova de Morte (Death Proof, 2007)

★★★★★★★★★☆
"A selva é atraente, obscura ao se aprofundar, e tenho promessas para guardar e milhas a percorrer antes de descansar." (Robert Frost)
   À Prova de Morte é um filme de Quentin Tarantino, esse filme faz parte do projeto Grindhouse, uma junção entre o trabalho do Robert Rodrigues, Planeta Terror, e do Taranta, À Prova de Morte, que tem o objetivo de homenagear os trashs dos anos 70. Fora dos EUA o projeto foi desencadeado e ambos os filmes foram lançados separadamente.
   Bem, qualquer coisa a ser dita sobre a história do filme pode ser considerada um spoiler. Mas daí temos um resumo: o filme segue dois grupos de garotas sendo perseguidas por 'Dublê Mike', um homem que diz ter um carro à prova de tudo.
   A primeira parte do filme destaca a sensualidade da mulher. As personagens são ousadas e liberais, mulheres em busca de diversão. Mas cada uma delas tem uma característica que as diferencia das demais. Essa primeira parte é ótima em contextualização e estilização, mas o ápice do filme em vista de toda a representação feminina que ele possui se encontra na sua segunda parte, da qual falarei um pouco adiante.
   Como em todo filme do Tarantino, os diálogos são significativos para o filme. Eles constroem a personalidade de cada personagem e mostram o seu lado que eles querem esconder, como é o caso de Julia Selvagem, uma mulher sexy, independente, que aparentemente só busca diversão, mas que tem um homem por quem está apaixonada. Outra personagem importante nessa primeira parte é Butterfly, não só por sua 'Lap Dance' (que é uma cena muito sexy, filmada de uma maneira muito estilosa, mas que não é esperado que seja tudo a se lembrar da personagem), mas pelas cenas em que ela se mostra uma mulher de atitude, como na cena em que conta às suas amigas que se recusou a dormir com um parceiro mesmo depois de uma tentativa dele.
   Na primeira parte também conhecemos 'Dublê Mike', um dublê que atuou em diversos filmes famosos, mas que, por um acaso, nenhum dos personagens do filme se lembra. E bem, tudo o que é preciso para saber sobre o personagem vem no filme na forma de diálogos.
   Os cenários da primeira parte são daqueles que me fazem querer entrar dentro do filme e não sair mais. Seja pela sala de casa da Julia Selvagem, ou a lanchonete com pôsteres de cinema colados na parede, ou o bar do Tarantino... ops, do Warren, que tem uma linda decoração retrô.
   A fotografia é demais! E olhem que o filme foi feito para homenagear filmes B de baixo orçamento. Ele tem vários cortinhos propositais fantásticos e um efeito craquelado (que não é bem craquelado, mas vamos dizer que é, hahah) muito elegante, como se fosse um filme passado em um cinema antigo. À Prova de Morte não se parece em nada com um filme de baixo orçamento apesar de algumas características dos filmes antigos e, desculpem o palavreado, mas esse filme é uma puta homenagem!
   Na segunda parte do filme o que é destacado é a coragem e a força da mulher frente a injustiça. Essa parte é demais! Sério. As mulheres deixam de ser um poço de sensualidade, mulheres que querem apenas diversão. Não, elas também querem diversão, mas, principalmente, a liberdade de ser.
   Eis que então, 6 meses depois da primeira parte, o 'Dublê Mike' está de volta às ruas em busca de um novo grupo de garotas para sua perseguição assassina e é aí que o filme entra em sua melhor parte.
   Essa segunda parte tem muita representatividade feminina, muita. Ela destrói alguns estereótipos femininos comuns. As mulheres não falam somente sobre os homens, como acontece na primeira parte. Elas são unidas, gostam de carros, mas também de revistas de moda. Porém, mais uma vez, cada personagem tem uma personalidade que as diferencia das outras.
   Zöe Bell, a dublê oficial dos filmes do Taranta (que serviu como dublê para a Uma em Kill Bill), atua em À Prova de Morte fazendo suas próprias cenas de perseguição e interpretando a si mesma. A atriz Tracie Thoms também interpreta uma dublê, a minha personagem feminina favorita em À Prova de Morte, Kim, e sou suspeita, mas a atuação dela está demais!
   No filme também existem pontos característicos de um filme do Tarantino, o tão famoso ângulo de baixo para cima e o foco em alguns pés, afinal quem pode culpá-lo? O filme também faz várias referências a outros filmes do Taranta, como Kill Bill e Pulp Fiction.
   Death Proof é um filme frenético com uma história simples, mas que abre brechas para discussão sobre as ações de seus personagens, estereótipos e representação feminina.

Leandra Diniz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário